terça-feira, 26 de junho de 2007

Matilha e o ensino


O "Afeto" que ensina.
Você já reparou como sempre que lembramos do nosso cão logo algum tipo de sentimento nos vem à mente? De alegria, emoção, carinho, amor... Como os especialistas em cães dizem, o cão é um ser irracional que age por instinto. Tudo bem, mas e o sentimento? Os cães, então, são puro instinto? Os cães não sentem?Para responder a essa pergunta, tento imaginar o comportamento canino mais próximo diariamente de mim: minhas duas cachorras. Quando chego em casa, o rabo delas não pára de balançar, elas dão saltos felizes ao meu lado e me acompanham por todos os cômodos, disputando minha atenção e querendo me lamber a todo o custo. Para o meu lado emocional, isso é amor.Mas é claro que também posso fazer outra leitura de toda essa comovente recepção: ao chegar em casa, minhas cachorras me recebem como a chefe da matilha, à espera da recompensa por terem me aguardado e guardado nosso território enquanto eu saía em busca de alimento. A chegada do líder da matilha (eu!) estimula a necessidade delas de saciar a fome, e por isso acompanham meus movimentos pela casa, esperando receber de mim o alimento que fui caçar para elas. Geralmente tentam lamber minha boca, pois é bem possível que eu tenha trazido a caça na boca, já estraçalhada e pronta para ser devorada.
Percebe como pode haver duas leituras para o mesmo comportamento? Uma emocional e outra racional? E de fato é impossível separarmos um do outro ou simplesmente dar um pause nos sentimentos quando observamos e também quando educamos nosso cão.
Podemos, sim, é assumir nossos limites e nossas “fraquezas emocionais”, pois ao assumi-los damos um grande passo para atingir o objetivo de educar um cão sem medo de dar ou reprimir nosso afeto.
E então? O cão age por instinto ou movido pelo sentimento? Um pouco dos dois, embora seja muito mais gostoso acreditar que ele é puro sentimento. Além do mais, como não existe nada mais irracional do que o amor incondicional, para mim minhas cachorras me lambem porque eu as adoro e porque elas também me adoram.
Comportamento
De uma forma simplificada, pode-se dizer que comportamento é a atitude que o cão toma mediante estímulos externos e internos, isto é, um cachorro se comporta de acordo com sua bagagem genética, seu temperamento e, fundamentalmente, influenciado pela postura que o ser humano tem com ele.
A maioria das pessoas erram ao interpretar o comportamento canino por pura falta de conhecimento da linguagem usada pelos cães. Muitas vezes cheguei à casa de alguém que se queixava que seu cão era violento e dominante, mas depois de avaliá-lo percebi que ali estava apenas um cão medroso tentando se proteger.
Saber interpretar a linguagem canina facilita muito a nossa comunicação com os cães e pode evitar sérios problemas de comportamento do animal. A forma como são os latidos, a posição da cauda, o olhar, a orelha, enfim, toda a postura corporal do cão diz algo a seu respeito.
Podemos, por exemplo, perceber se o cão está apanhando na nossa ausência, pois o ato de abaixar a cabeça quando alguém levanta a mão é um comportamento adquirido pelo cão, isto é, ele já passou por essa situação algumas vezes e aprendeu a se proteger do tapa violento. Se fizermos esse gesto para um cão que nunca apanhou, ele não terá o reflexo de abaixar a cabeça.
Outro comportamento inadequado que os cães podem ter é com relação a vassoura. Muitas pessoas confundem quando o cão apresenta um comportamento agressivo diante de uma vassoura em movimento achando que ele está levando vassouradas. Nem sempre. Nesse caso pode estar acontecendo o inverso do comportamento adquirido. Ele pode estar reagindo instintivamente ao movimento da vassoura.
O cão é um caçador inato, isto é, ele já nasce com esse instinto de correr atrás de um outro animal. Como na vida urbana e familiar não existem “presas”, os cães substituem por tudo que for semelhante: bolinhas, ossinhos, vassouras, etc..
Quando o cão tem comportamento dominante?
Embora costuma-se dizer que toda regra há exceção, nesse caso NÃO há: TODOS OS CÃES DEVEM SER SUBMISSOS AO SEU DONO.
Quando o oposto acontece, ocorrem problemas de relacionamento sérios. Muitas vezes as pessoas só percebem o problema quando o cachorro já se tornou o tirano da casa. Isso ocorre principalmente porque quando filhotes, não percebemos ou não nos importamos com certos comportamentos que ele apresenta. Realmente é muito bonitinho um Pastor Alemão de 2 meses agarrado no seu brinquedo preferido, rosnando para quem ousa tirá-lo. Agora, imagine esse Pastor com esse mesmo comportamento 2 anos depois.
Existem algumas boas dicas que podem ser aplicadas quando seu cão ainda é filhote que irá ajudar muito na sua obediência:Montar na perna - para o filhote ainda não existe uma conotação sexual nesse ato, mas sim um exercício para o “poder”. Reprima sempre que ele tentar montar em alguma coisa, principalmente em você;Não deixar você se aproximar quando ele está comendo - é muito importante a relação entre o cão e seu alimento. É através da comida que ele estabelece sua posição na matilha. O líder sempre come primeiro. Quando o filhote estiver comendo, chegue perto dele, pegue alguns grãos de ração, dê na sua boca. Isso irá mostrar quevocê é o líder, pois você controla sua comida;Querer sempre sair primeiro que você ao abrir qualquer porta - para o cão, sempre ser o primeiro é sinal de liderança. O mais forte tem a “regalia” de entrar e sair antes que todos. Saia ou entre primeiro que ele. É simples e ajuda a manter sua posição hierárquica;Não ficar com a barriguinha para cima essa é uma posição que indica relaxamento e entrega. O cão líder nunca relaxa ou fica desatento, pois precisa proteger sua matilha. Ensine-o a relaxar nessa posição. Se ele resistir, vá com muita calma e gradativamente deixe-o adquirir confiança ficando nessa posição;Ficar sempre na mesma poltrona ou no mesmo lugar no sofá da sala e rosnar quando alguém tenta tirá-lo - não importa se seu cão dorme na sua cama ou no quintal, o importante é você ter voz de comando sobre ele. Se seu cão adora ficar na mesma poltrona que você, ele pode ficar na sua ausência. Você chegou, diga calmamente para sair. Faça isso quando ele ainda for filhote para evitar problemas posteriores.

Foto de matilha
Autor: Kátia Aiello (Adestradora e Psicóloga Comportamental)
kraiello@hotmail.com

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito importante essas dicas. Obrigado.