quinta-feira, 19 de julho de 2007

Diário de um cão

O Diário de um Cão 1ª semana Hoje faz uma semana que nasci. Que alegria ter chegado a esse mundo!!!
1 mês Minha mamãe cuida muito bem de mim. É uma mãe exemplar.
2 meses Hoje me separaram de mamãe. Ela estava muito inquieta e com seus olhos me disse adeus como esperando que minha nova "família humana" cuidasse bem de mim, como ela havia feito.
4 meses Cresci muito rápido, tudo chama a minha atenção. Há várias crianças na casa que são como meus "irmãozinhos". Somos muito levados, eles me jogam uma bola e eu os mordo jogando. 5 meses Hoje me castigaram, minha dona se zangou porque fiz "pipi" dentro da casa...mas nunca me disseram onde eu deveria fazer. E como eu durmo lá dentro eu não me agüentei!!!
6 meses Sou um cão feliz. Tenho o calor de um lar, sinto-me seguro e protegido...Creio que minha família humana me ama muito. Quando estão comendo me convidam, o pátio é somente para mim e eu estou sempre cavando, como os meus antepassados lobos, quando escondiam a comida. Nunca me educam, seguramente porque nada faço de errado.
12 meses Hoje completei um ano. Sou um cão adulto e meus donos dizem que cresci mais do que eles esperavam. Que orgulhosos devem estar de mim!!!
13 meses Como me senti mal hoje. Meu "irmãozinho" tirou a minha bola. Como nunca pego seus brinquedos fui atrás dele e o mordi. Mas como meus dentes estão muito fortes, machuquei-o sem querer. Depois do susto me prenderam e quase não posso me mover para tomar um pouco de sol. Dizem que sou ingrato e que vão me deixar em observação (certamente não me vacinaram). Não entendo nada do que está acontecendo.
15 meses Tudo mudou. Vivo preso no pátio, numa corrente. Me sinto muito só. Minha família já não me quer. Às vezes esquecem que tenho fome e sede e quando chove não tenho teto que me cubra.
16 meses Hoje me tiraram da corrente. Pensei que tinham me perdoado e fiquei tão contente que dava saltos de alegria e meu rabo balançava. Parece que vou passear com eles. Subimos no carro e andamos um grande trecho quando pararam. Abriram a porta e eu desci correndo, feliz, crendo que era dia de passeio no campo. Não entendo porque fecharam a porta e se foram. "Esperem"!!! - lati..."esqueceram de mim...!!!". Corri atrás do carro com todas as minhas forças. Minha angústia aumentou ao perceber que o carro se afastava e eles não paravam. Tinham me abandonado.
17 meses Procurei, em vão, achar o caminho de volta à casa. Sentei-me no caminho, estou perdido e algumas pessoas de bom coração que me olham com tristeza e me dão algo de comer. Eu agradeço com um olhar do fundo de minha alma. Quisera que me adotassem, eu seria leal como ninguém. Porém eles apenas dizem: "- pobre cãozinho, deve estar perdido".
18 meses Outro dia passei por uma escola e vi muitas crianças e jovens como meus "irmãozinhos". Cheguei perto e um grupo deles, dando risadas, atirou-me uma chuva de pedras "para ver quem tinha melhor pontaria". Uma dessas pedras atingiu um dos meus olhos e desde então não enxergo com ele.
19 meses Parece mentira mas quando eu estava mais bonito as pessoas se compadeciam mais comigo. Agora que estou muito fraco, com um aspecto bem mudado pois perdi meu olho, as pessoas me tratam a pontapés quando pretendo deitar-me à sombra.
20 meses Quase não posso me mover. Hoje, ao atravessar a rua por onde passam os carros, um deles me atropelou. Pelo que sei, estava num lugar seguro chamado "sarjeta", mas nunca vou me esquecer do olhar de satisfação do motorista. Antes tivesse me matado, porém só me deslocou a cadeira. A dor é terrível, minhas patas traseiras não me respondem e com dificuldade me arrastei até uma moita fora da estrada. Já fazem 10 dias que estou em baixo de sol, chuva e frio, sem comer. Não posso me mover, a dor é insuportável. Sinto-me muito mal, estou num lugar úmido e parece que meu pêlo está caindo. Algumas pessoas passam e não me vêem. Outras dizem: "- não se aproxime". Já estou quase inconsciente, porém uma força estranha me fez abrir os olhos. A doçura de sua voz me fez reagir. "Pobre cãozinho, veja como te deixaram"- dizia. Junto a ela estava um senhor de roupa branca que começou a tocar-me e disse: "- Sinto muito senhora, mas esse cão já não tem remédio, o melhor é que deixe de sofrer". A gentil dama consentiu, com os olhos cheios de lágrimas. Como pude, mexi o rabo e olhei para ela agradecendo por me ajudar a descansar. Senti somente a picada da injeção e dormi para sempre, pensando em porque nasci, se ninguém me queria
Os animais não podem falar nem escrever . Precisam que voçê o faça por eles !

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Multas para cães perigosos sobem 30%

***********



KÁTIA CATULOAP (imagem)

A nova legislação sobre cães considerados potencialmente perigosos vai ficar mais apertada. A proposta de lei que será aprovada amanhã no Parlamento prevê que os proprietários de animais ditos ameaçadores sejam punidos tanto em casos de dolo como de negligência. Esta é apenas umas das alterações incluída na proposta conjunta do PS e do CDS/PP que será hoje discutida na Comissão de Assuntos Constitucionais."Até agora, a legislação só punia o dono no caso deste incitar o animal a atacar. A nossa proposta prevê que as contra-ordenações possam ser também aplicadas sempre que fique provado que o descuido dos proprietários esteve na origem da agressão", explica o deputado centrista Nuno Magalhães.A fiscalização, por seu turno, contará com novos aliados: além dos agentes da PSP também os técnicos da DGV poderão sancionar os infractores. E as coimas sofrerão um agravamento de 30% no caso de o dono do animal ser reincidente. Quem for apanhado pela segunda vez a circular com os animais sem trela, açaime ou identificação electrónica arrisca-se a uma sansão que poderá ir até 4990 euros no caso de pessoas singulares e cinco mil euros quando se trata de pessoas colectivas.As limitações não ficam por aqui. Tanto os proprietários como os criadores terão de sujeitar-se a exames de aptidão física e psíquica, que comprovem a sua capacidade para cuidar de um animal considerado perigoso. Por outro lado, a comercialização e publicidade destes animais ficará mais restrita. A venda dos cães só será possível se o animal tiver identificação electrónica e o seu vendedor informar o cliente sobre todas as características do animal. A criação e reprodução destes animais obedecerá também a novas regras: "Os criadores só poderão exercer a sua actividade mediante uma licença emitida pela Direcção-Geral de Veterinária (DGV), que obriga a indicar a espécie, a raça ou o cruzamento de raças, o número de animais vendidos, bem como o respectivo historial e a referência que permite a identificação electrónica do animal", esclarece, Rosa Albernaz, a deputada socialista que também elaborou este projecto.A publicidade nos classificados dos jornais passará a ser "totalmente proibida", adverte Albernaz. A alteração partiu de uma recomendação da Liga Portuguesa dos Animais que pretende evitar a venda clandestina destes animais: "Geralmente, os anúncios colocados na imprensa destinam-se a cruzamento de raças com intuito de tornar o cão perigoso."

As lutas de cães implicam sofrimento.

* * * * * * *
http://www.youtube.com/watch?v=IgK7K-NzWRQ


"Os animais lutam desde o tempo dos reis. Antes ainda era mais ou menos compreensível pois não se tinha a mentalidade de hoje. Mas nós no século XXI ainda fazemos os animais sofrer com a mentalidade que temos? É incompreensível. O que eu penso é que as pessoas que fazem os animais lutar são uns autênticos anormais, pois não devem saber que fazem os mesmos sofrer.



O Pit Bull é a raça mais usada nessas lutas clandestinas por causa da força. Esta raça aumenta no Verão porque é nessa época que eles são mais usados em lutas. Com a presença dos imigrantes portugueses no espectáculo que às vezes só acabam quando os lutadores morrem ou desistem. Essas lutas são feitas em campos de futebol, em espaços fechados - em garagens abandonadas são feitas essas lutas com muitas raças de cães que são realizadas em qualquer país mas nomeadamente em Amadora. As apostas são: 500 euros no Inverno e 2500 euros no Verão. Há pessoas que roubam cães para este tipo de lutas.
Os cães são ensinados a lutar, ferrar, etc.…Os cães que são usados para lutas e quando usados precisam de um mês para recuperarem as suas forças. Força, agilidade e rapidez são as destrezas fundamentais que um cão precisa para fazer um bom combate. Às vezes um golpe pode ser mortal, esse cão tem que ser rapidamente assistido por um veterinário.






São proibidas a violência injustificada, tais como os actos de infligir a morte, o sofrimento cruel e prolongado ou grave dos animais.
Utilizar animais em treinos de experiências ou divertimento consiste em confronto dos animais uns contra os outros
Esta prática clandestina, com apostas, prolifera em todo o País, e processa-se em bairros perigosos, onde a própria policia tem receio de actuar. Estes animais treinados tentaram mesmo atacar as forças da polícia e da ordem
De referir que estes animais treinam sobre outros animais de estimação, para com eles poderem praticar o combate. Só no prazo de dois meses desapareceram em Sintra mais de duas dezenas de animais de companhia, alguns deles apareceram com graves feridas de maxilares. São cada vez mais as queixas que chegam às Associações e até à policia Judiciária.
Se gostas de animais sê contra esta prática cruel que enquanto seres civilizados a todos nos envergonha.







Neste blog vê-se das maiores crueldades que se podem fazer a estes animais.

Atenção que contem imagens muito chocantes


Edgar Loreti diz:


A minha opinião acerca deste assunto é de que meter cães em lutas é um desrespeito enrorme para um animal que foi apelidado de "melhor amigo do homem".


Um acto cruel e desumano em que o homem mostra uma vez mais que é um ser sem principios e que utiliza todos os meios para se afirmar, mesmo que para isso tenha que passar por cima de tudo e todos.


Fala-se que as lutas só são praticadas por pessoas de classe baixa e de bairros problematicos, mas a verdade é que os meninos ricos e gente de bem e com muito dinheiro tambem as praticam.

Está na hora de quem manda fazer alguma coisa a este nivel.

terça-feira, 3 de julho de 2007

A cadela altruísta


*
*
*
*
*
*
Renato Sabbatini
Recentemente a mídia fez um enorme estardalhaço em torno de uma cadela que salvou uma criança de um ataque de cães pitbull, envolvendo-se na briga e desviando a atenção dos atacantes. Na confusão, ficou ferida e ao mesmo tempo virou celebridade nacional. Até mesmo quando teve que ser operada, dias depois, a tevê deu-lhe mais atenção do que à queda do dólar, por exemplo.
As pessoas se emocionaram, gastaram-se rios de tinta louvando e discutindo a "valentia" e as motivações da cadelinha. Seu "gesto" de altruísmo foi discutido à náusea, em um país que, atolado em corrupções e desgraças urbanas e no espectro da ruina econômica, precisa desesperadamente de exemplos de bom caráter e de otimismo. Pena que tenha vindo de um animal assim chamado irracional…
Eu mesmo acabei me envolvendo no argumento. Ao dar uma entrevista em um programa de notícias do canal regional de tevê sobre o tema das emoções dos animais, as linhas telefônicas da transmissora ficaram assoberbadas com as perguntas de dezenas de leitores curiosos, 99% dos quais eram donos de cães, que, sem dúvida, são os animais mais próximos do homem, e que mais inspiram a impressão de que eles têm emoções e sentimentos iguais aos nossos. A isso os cientistas dão o complicado nome de "antropomorfização". Entre perguntas do tipo "meu cão morde muito o rabo, será que ele está estressado?", ou "desde que me filhinha nasceu ele ficou muito agressivo comigo, será que está com ciúmes?", evidentemente vieram várias sobre a cadela altruísta.
Infelizmente, acho que decepcionei os bons sentimentos de muitos com minha resposta. Não existem evidências de que um cão seja capaz de altruísmo, apesar dos milhares de filmes do Rin-Tin-Tin e do depoimento de muitos donos de cães que foram defendidos por eles em situações perigosas. Pelo menos não do altruísmo humano como o conhecemos, ou seja, do auto-sacrificio em favor de outro ser humano. Em sociobiologia, que é a ciência que estuda as bases biológicas do comportamento social, o termo altruísmo é usado em outro contexto, menos emocional. É apenas o rótulo que se dá a um tipo de comportamento social muito comum em todo o reino animal. As formigas e as abelhas, por exemplo, têm diversos comportamentos em que membros da espécie se matam para defender o grupo social ou um de seus integrantes, como a rainha. Pouca gente acha que formigas tenham emoções semelhantes às humanas…
Em todos os outros animais sociais, dos peixes e aves aos vertebrados superiores, a seleção natural desenvolveu algum tipo de comportamento de auto-sacrifício ou de defesa por outros membros da mesma espécie. Isso faz sentido do ponto de vista genético: se eu defendo contra a morte os outros membros da minha espécie, eu estou ajudando a preservar os genes que tenho em comum com eles, e portanto, em última análise, a sobrevivência da espécie a longo prazo. O comportamento de defesa da mãe em relação à sua prole é um dos mais evidentes, estando a literatura cheia de exemplos "emocionantes" de fatos desse tipo (aliás, notem que a cadelinha altruísta do Rio de Janeiro tinha parido recentemente e estava amamentando os filhotes quando se deu o fato. Portanto, é provável que ela estivesse agindo em defesa deles, e não da criança que foi atacada. Coincidências como essa costumam ser interpretadas pelos seres humanos de uma forma aparentemente irreal…)
Mas existem muitos casos inegáveis de defesa do dono por um cão. Várias raças de cães foram selecionadas para esse fim específico, inclusive (os cães pastores, por exemplo). Que os cães têm emoções muito semelhantes às nossas também é coisa conhecida de todo mundo: quem tem um cachorro sabe muito bem disso, e é capaz de jurar que eles "sentem" raiva, dor, medo, alegria, amor, ciúmes, culpa, arrependimento, etc. Minha prima, por exemplo, tem um vivaz poodle que parece dar risada quando ela pede, apesar desta expressão facial (e sua emoção acompanhante) reconhecidamente não fazerem parte do repertório emocional do Canis familiaris.
Os cientistas já são mais céticos. O que pode parecer um sentimento humano na superfície, por sua similaridade, pode ter outras explicações biológicas. O gesto de abanar o rabo, por exemplo, que muita gente interpreta como sinal de alegria do cão ao ver o dono, é simplesmente um ato instintivo que tem como objetivo espalhar no ar o cheiro característico de um animal para que seus companheiros o reconheçam como membro da matilha (ferormônio social), produzido por uma glândula situada na base da cauda do cão!
O cão doméstico se originou historicamente dos lobos, que são, como todos os canídeos, animais extremamente sociais, que caçam e vivem em grupo, em uma complexa teia de relações e comportamentos. Portanto, herdou de seus antepassados todos esses comportamentos, alguns dos quais são típicos de um animal subordinado ao líder da matilha. O austríaco Konrad Lorenz, um etologista (estudioso do comportamento animal) e ganhador do prêmio Nobel, escreveu um livro interessantíssimo, intitulado "Und So Kam der Mensch Auf Der Hund" ("E Assim o Homem Encontrou o Cão"), em que ele apresenta a tese de que o cão, ao ser domesticado, adotou o ser humano como o seu líder de matilha. Dai decorre o fato dele dirigir ao seu dono numerosos comportamentos característicos desse relacionamento, como virar de barriga para cima "pedindo cafuné" (é um gesto de submissão entre os lobos, que consiste em expor a parte inferior do corpo e a garganta para o dominante, com o intuito de inibir possíveis agressões), abaixar o focinho e esticar as pernas dianteiras, como que "prestando obediência" (outro gesto de submissão, feito no início de uma caçada), e vários outros. O próprio comportamento de defesa do dono pode ser interpretado à essa luz, e não à de um possível altruísmo, pois é uma coisa muito comum na Natureza em todos os animais sociais a defesa do grupo contra inimigos externos, particularmente contra outras espécies predadoras e intrusos no ambiente social.
Portanto, precisamos ser muito cuidadosos ao atribuir sentimentos e emoções humanas aos animais. Podemos estar enganados e ficar discutindo e louvando coisas que não são bem aquilo o que aparentam. A ciência aceita que os animais tenham emoções, pois seria um absurdo que nós, que somos relacionados geneticamente a uma ampla árvore evolutiva de animais, sejamos os únicos a tê-los. Mas uma coisa é o comportamento emocional, como o dos cães, e outra é o sentimento dessas mesmas emoções. Nós nunca saberemos se o que eles sentem é igual ou parecido ao que sentimos, pois não temos como perguntar isso a eles. Aliás, não sabemos ao certo nem se uma outra pessoa sente a mesma emoção que sentimos, apesar de nossa capacidade de introspeção (exame de nossa própria psique) e capacidade de comunicação abstrata!
Para quem quiser ler mais sobre o assunto, o autor Jeffrey Masson, um ex-psicanalista americano, escreveu um best-seller, "Quando os Elefantes Choram", e que foi traduzido recentemente pela Geração Editorial (eu participei como consultor especialista na revisão da tradução do livro). Nele, Masson postula de forma bastante forçada que as emoções, tanto expressas quanto sentidas, existem em todo o reino animal, e que isso poderia ser a base de um novo "humanismo" e respeito aos direitos animais. Ele força muito a barra em seus argumentos, tendo sido atacado pelos etologistas por isso, mas não deixa de ser interessante, principalmente pelos coloridos e emocionantes exemplos que cita.


Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas, 19/03/1999.
Autor: Email: sabbatin@nib.unicamp.br


Jornal: Email: cpopular@cpopular.com.br

WWW: http://www.cosmo.com.br/
Copyright © 1999 Correio Popular, Campinas, Brazil

O que um cachorro precisa para ser feliz?

Muita gente pensa que para um cachorro ser feliz basta dar água, comida e um pouco de carinho. No entanto é um pouco mais do que isto!
No início parecia fácil desenvolver este texto. Só seria necessário observar alguns clientes, cães de vizinhos, etc.. Depois estudar um pouco, trocar idéias com o Bud (meu border-lata) e passar para o papel. Ou melhor, para a tela do computador.
Casa, comida e roupa lavada? Definitivamente não. Isso só funciona na televisão e nos filmes. Ah, e para humanos, não animais. Se não fosse exagero, até diria que para eles é o contrário. Bem, nem tanto ao céu, nem à terra. O que eu quis dizer é que já vi muito "cachorro de madame" com uma casa maravilhosa, ração de qualidade, espaço e tudo o mais que, teoricamente, o cão precisaria para se contentar, e este cão parecer muito insatisfeito, é considerado apenas mais um enfeite de luxo na casa. Ao passo que dificilmente vemos um cachorro de um catador de papéis, ou mesmo morador de rua, triste. Eles andam sempre com seus donos, perambulando e com a cauda alta e feliz.
Ao perceber isso meu pensamento se transformou numa sucessão de perguntas, mas considerei a mais importante "o que NÓS precisamos para ser feliz?" Cada um de nós é um ser diferente, com necessidades diferentes. Algo que me deixa muito feliz pode ser totalmente indiferente para outra pessoa. Com os cães é quase a mesma coisa, mas sem dúvida, a única coisa que é igual em termos de felicidade para um cão é ter companhia. Ou seja, alguns gostam mais de petiscos, outros de brinquedos, outros de palmas, mas o que todos gostam com certeza é companhia. Claro que isso só não basta.
Resolvi colocar palavras importantes para o cão, para tentarmos colocar essas palavras na prática e não apenas na teoria. São necessidades, na sua maioria DIÁRIAS, do seu peludo.
CHEIROS – O cachorro se utiliza deste artifício para conhecer tudo que o envolve e ao ambiente. Enquanto o ser humano tem cerca de 5 milhões de células olfativas, o cachorro possui 220 milhões de “receptores de cheiro” (“The Dog’s Mind” de Bruce Fogle - pág. 35). Através do cheiro que o cachorro deixa pelo caminho no xixi, o próximo peludo que por lá passar vai saber todas as características do anterior, como idade, sexo, tamanho. Digamos que o cheiro é algo como o RG do animal. Por isso, donos e donas conscientes, não se envergonhem quando seus cachorros se encontrarem pela rua e um começar a cheirar o bumbum do outro. Nada de puxar a guia dando bronca, eles estão apenas se conhecendo, pois nesse lugar existe uma glândula que os apresenta pelo cheiro. Esta cheirada deles seria considerada o nosso aperto de mãos.
CAMINHADAS – Também conhecidas por passeios, é essencial para a socialização, saúde e tudo mais de positivo que seu cachorro possa precisar. De preferência técnica utilizada com alguns acessórios como coleira, guia e saquinho de catar cocô. Os passeios diários com seu animal podem se transformar numa incrível fonte de prazer, pois através desses passeios você conhece melhor seus vizinhos, acaba conhecendo gente interessante na rua, faz amizades mais facilmente, talvez até arranje um namorado novo – que gosta de cachorro - e assim por diante. Eu costumo dizer que o melhor disso tudo é que a preguiça ficou mais de lado. Agora eu faço o que tiver que fazer num raio de aproximadamente 3 quilômetros com meu cachorro a pé. Antes ia até a esquina de carro. Minha saúde (e barriga) agradecem. Outro fator muito importante é que com passeios freqüentes, o cachorro não cria aquela neurose de latir pra qualquer coisa, não fica com medo de barulhos diferentes, se acostuma a todos os tipos de estímulos externos sem traumas.
COMIDA – Bem, o seu peludo vai comer a ração que você fornecer e mais tudo que ele conseguir roubar, como as tiras do chinelo, o plástico que envolvia aquela carne, meias recentemente utilizadas, etc. Ok, é brincadeira, mas se transforma num assunto sério quando em exagero. Já vi um Bull Terrier (né, Nicolau?) que teve que fazer uma cirurgia e o veterinário tirou coisas inacreditáveis do estômago dele. Imagino que qualquer outra raça teria morrido nessas circunstâncias. Mas é vital uma ração de boa qualidade, assim como a quantidade certa descrita na embalagem. Às vezes nos assustamos com o preço de rações super premium, mas se compararmos custo / benefício veremos que vale a pena. Em primeiro lugar a quantidade utilizada é bem menor. Em segundo, você vai perceber a diferença na pelagem, na saúde e principalmente e mais perceptível, nas fezes, menores e com intervalos de tempo maiores. Isso ocorre porque o cachorro absorve melhor os nutrientes dessa linha de ração.
Não coloque alimento de gente misturado na ração, a não ser que o veterinário mande. Existem alimentos para o nosso consumo que os animais não conseguem digerir direito, causando aquelas fezes moles e problemas estomacais. Por exemplo, o chocolate tem uma substância altamente tóxica para cães. Tudo bem, conheço cachorro que come chocolate todo dia, por mais que eu peça para pararem de dar, e o cachorro continua por aqui. Um dia ele morre, do nada, simplesmente morre. Efeito final da tal toxina. Cebola também deve ser evitada.
DESCANSO – Um filhote precisa dormir em média 17 horas por dia. Após as brincadeiras o descanso é fundamental para o cão. Após longas caminhadas também. Devemos respeitar a hora do ronco dos cães, para nossa própria segurança. Os cães, diferente do que muita gente pensa, sonham. Normalmente esses sonhos são com caça e caçadores, presas, brincadeiras e coisas do dia-a-dia do animal. Já vi acontecer do cachorro dormir, provavelmente sonhar que estava sendo perseguido ou estava perseguindo algo, e o dono desavisado resolver incomodar o animal naquela hora. O dono tomou uma mordida que deu pena, mas não foi por maldade do cão, era como se o sonho estivesse acontecendo. Quantas vezes já vimos crianças fazerem xixi na cama por sonharem que estavam fazendo xixi. E comigo já aconteceu de um dia, quando pequena, meu pai me acordar atrasada para escola, batendo forte na porta. Na hora comecei a sonhar com guerra e as batidas se misturaram com metralhadoras. . . Perdi a hora, claro. Bem, o descanso do Totó faz parte de seu bem-estar e da sua saúde. Vamos deixá-los dormir o sono dos justos.
SUSTOS LEGAIS – Geralmente o peludo adora espantar pássaros ou qualquer outro ser miniaturizado que se manifeste de maneira esquisita quando chega correndo perto dele.
RECOMPENSA – Sempre que o seu cão fizer algo legal, recompense-o no momento exato. O cão não sabe o que é certo ou errado, mas sabe que se for recompensado é porque é a coisa certa a ser feita. Tudo que ele quer é agradar ao dono, apenas mostre a ele como fazer isso. Como? Carinho, petisco e demonstrações de afeto em geral. Eles adoram receber presentes desse tipo.
BUSCAR COISAS – Tudo que meu dono jogar, inclusive a roupa suja no cesto e as meias novas. É sério, depois que um cachorro aprende a buscar as coisas vocês terão diversão garantida por horas a fio. Bolinhas e brinquedos menores são geralmente os preferidos.
SER – Ser cuidado, ser tratado, ser alimentado, ser acompanhado, ser o cachorro dos seus sonhos, ser o centro das atenções. O animal adora ser e estar, participando de tudo que rola ao seu redor, fazendo parte da matilha (sim, humanos, somos a matilha). Essa é com certeza uma maneira de deixar o cão feliz, deixá-lo nos acompanhar nos eventos do dia-a-dia como levar as crianças pra escola, ir buscar, comprar o pão de manhã, levar nas atividades da família à tarde, etc.
ESTAR – Estando na companhia das pessoas que ele confia. . . Ele está feliz.
O que o faz muito mais feliz ? Ser tratado como cachorro, ou seja, um animal muito sociável, que faz parte de uma matilha – sua família – e precisa de uma hierarquia para entender as regras básicas de sobrevivência na sua casa. Quando ele define quem é o líder – faça o possível e o impossível para ser você, mas com justiça, não violência – a vida em família/matilha, fica super tranqüila.
Para entender o cachorro temos que tentar pensar como ele. Ele gosta de coisas diferentes de você, assim, respeite suas necessidades de cachorro, sua forma de pensar, de agir, de se alimentar. Quando você começa a entender o que seu cachorro espera de você, tudo fica mais fácil e gostoso.
O treinamento básico é fundamental para estimular e melhorar o relacionamento entre os donos e seus cães. Claro que sempre com a participação efetiva do dono. O treinamento com carinho, recompensa e participação do dono não tem como dar errado, e o cachorro fica super feliz de poder demonstrar pro dono que o entende e obedece. Acima de tudo ele o respeita por amor, não por medo. Depois de um treinamento básico vocês se entendem muito melhor, e o relacionamento fica cada dia mais gostoso. Vocês abrem uma linha de comunicação mútua, aumentando sempre a confiança de um no outro. Quando existir essa comunicação, tudo fica mais fácil.
Seja um dono justo para o seu cão. Quando você briga com ele por um motivo real, ele entende e não fica chateado com o dono. Ele descobre que errou e, se for repreendido da maneira correta, no momento certo, vai tentar acertar na próxima. Da mesma maneira, não esqueça de elogiar bastante sempre que possível. Isso fará de você o dono que ele espera, aceita, respeita e ama como líder.
Passeios, brincadeiras e exercícios devem fazer parte da rotina do animal. A rotina é outra coisa que para nós pode incomodar, mas para o seu cão significa a segurança que ele precisa. Uma rotina definida faz um cachorro feliz, e mudar a rotina é muitas vezes motivo de stress.
AMOR – Essa talvez seja a palavra-chave, a mais importante na vida de um cão. Ele nos dá o amor na sua forma mais pura. Se você for um dono responsável, carinhoso, justo e que transmite confiança ao seu animal, terá como retorno a forma mais linda e incondicional de amor, o amor de um cão, onde basta amar para ser amado. Nós da Lord Cão costumamos dizer que cachorro cansado é cachorro feliz. Curta ao máximo a companhia maravilhosa de um cão saudável e feliz. Assim você será feliz junto com ele.



Sheila Niski - especializada em comportamento canino.Tels. (11) 5096-1056 / 9195-0766mailto:niski@terra.com.br
Vida de cão...www.vidadecao.com.br