quinta-feira, 31 de maio de 2007

Brutus o Magnifico


Decidi criar este blog com o intuito de ser mais uma maneira de desmistificar o que de mal têm dito desta raça.

Vou iniciar este blog com um exemplar da raça que adorei conhecer.
É para muitos um exemplo de cão e de dono, juntos eram uma bandeira da Associação Pit Bull Oeste, o Brutus era o que muitos donos desejavam ter, afável, obediente, um grande carácter e acima de tudo um grande companheiro.
O dono do Brutus quando o conheci, era apenas mais um donos descrente que dizia que o seu cão era impossível de controlar. “não para quieto” “não se cala” “é impossível” eram algumas das frases mais ouvidas pelo Ivo.
Passados alguns meses os resultados em ambos começaram a aparecer e até ao fatídico dia em que o Brutus nos deixou, foram sempre (os 2) um grande exemplo para todos.

Deixo o que o dono do Brutus escreveu no fórum da Associação Pit Bull Oeste em resposta aos apoios que recebeu.

Brutus o Magnifico

Olá a todos. Obrigado pelos vossos comentários, acho que ele mereceu cada uma das palavras ditas por vós. Deixem-me só acrescentar o meu comentário, o comentário de quem viveu com ele, que o viu nas provas mas também o viu no sofá. Alguém que durante três anos viveu grande parte da sua vida em função daquela criatura de estrela ao peito. O Brutus chegou a minha casa com 4 meses, trazendo com ele uma parvovirose e um princípio de esgana. Trazia também uma alegria contagiante, que não deixou indiferente ninguém cá em casa, inclusive a minha mãe, a qual tinha imenso receio de tudo o que era animal. Aquela boquinha sagrada estragava tudo em que tocava, desde chinelos e sapatos até ao braço de um sofá de pele. Mas para nós, a família que o adoptou era de uma ternura e boa disposição sem limites. Aos poucos, fui-me apercebendo do seu carácter dominante relativamente a outros cães, e como tinha pouca experiência na área, tomei a decisão mais sensata: recorrer a quem tivesse. E foi assim que eu conheci o Sr.Loreti. Cheguei com teorias negativistas do tipo “o meu cão não consegue fazer isso”, “é impossível treinar um cão destes, eléctrico!”, próprias de quem tinha um cachorro com 8 meses. E imaginem só que ele em vez de treinar o cão…treinou-me a mim! Nos doze meses que se seguiram não houve um único sábado que eu não estivesse na aula do Edgar. Chuva, sol, calor, frio, quem queria realmente aprender a educar um cão, estava lá, independentemente de todos os contras. Por vezes vinha de lá chateado, pois nem sempre as coisas correm como esperamos, mas também nunca me disseram que iria ser fácil. O resultado… bem o resultado, foi o Brutus que todos conheceram. Um animal com um treino avançado de obediência (era incrível a parelha que fazia com o Edgar, parecia uma dança!). Desportista nato, campeão de Gameness. Com um carácter equilibrado e com uma simpatia invulgar para com o ser Humano, particularmente com as crianças. Devido a esta última, o Brutus tornou-se, cinoterapeuta, utilizado na reabilitação de crianças e adolescentes com problemas psíquicos. Olhando para trás apercebo-me, que o que o Edgar me ensinou foi a fórmula de comunicar com o meu cão, de o compreender e fazer-me entender por ele. Mas não foi o único, também o Rui, o Dário e a Ana me deram conselhos teóricos e práticos que se revelaram de suma importância na educação do Brutus, episódios pelos quais eles já tinham passado, ajustes na postura e na emoção quando “o Brutus andava a treinar-me”. Para mim foi uma dádiva divina encontrar tais pessoas, pessoas que tratam os animais com o respeito que estes merecem. Só para terem uma ideia, quando o Brutus esteve hospedado na quinta, até o cobertor lhe colocavam à noite, e não havia dia que não fizessem o relatório completo de actividades do meu cão. Um muito obrigado por tudo. Foi devido a esta espécie de família que surgiu a Associação PitBull Oeste. Também aqui, acredito que o Brutus deu uma ajuda importante. Como atrás referi era um animal com capacidades especiais e com uma disponibilidade insuperável, quer fosse para a terapia, obediência, desporto ou somente brincadeira, ele estava presente, a dar o melhor de si. Rapidamente, se tornou numa das muitas bandeiras da Associação Pitbull Oeste, participando assiduamente em exibições de desmistificação social. Era a prova que a descriminação deste tipo de raças é das coisas mais erradas que existe, e que os animais são aquilo que queremos que eles sejam. Até no seu dia a dia, defendia os fundamentos da APO. Lembro-me que, à bem pouco tempo, conheci uma pessoa que tinha imenso medo deste tipo de raças, só de ouvir o nome pitbull, dizia que gelava. Convencia-a a ir a minha casa e deixei-a por momentos a sós com o Brutus. Quando voltei deparei-me com o seguinte cenário: os dois a brincarem com a chucha dele, perfeitamente compenetrados no que estavam a fazer, como se fossem amigos à muito tempo. As coisas eram tão fáceis com ele… Muitas vezes, dei comigo a observá-lo e a admirá-lo, pensando como tinha seria possível existir algo tão perfeito! Na véspera do seu internamento, o Brutus esteve presente na prova da Zambujeira do mar. Eu não imaginava que a causa de todos os vómitos da viagem estariam na doença e no possível envenenamento que ele já teria consigo. Surpreendentemente, para a sua condição física, ganhou a prova. Numa visão mais profunda desta situação, concluo que ele deu-me a maior lição de vida que poderia receber, independentemente das adversidades, quando temos força de vontade e determinação tudo se consegue. O seu trabalho e simpatia foram reconhecidos, a avaliar pela mobilização de apoio que se gerou em torno do estado de saúde do Brutus. Um muito obrigado a todos os que durante aquela semana fatídica, me ajudaram a ter forças para nunca estar desanimado na presença dele (acreditem que devido ás pioras do seu estado clínico e consequentemente do seu aspecto, por vezes era muito difícil). Foi uma semana cansativa, para todos os que dele gostavam. No entanto não posso deixar de agradecer em particular aos meus amigos (uma excelente utilização desta palavra): Bruno, Sónia, Rita, Lena, Edgar, Ana, Dário e Rui, o apoio constante e incondicional. Ao Max, Schwarza e Carocha que disponibilizaram parte do seu sangue para tentar salvar o “colega de escola”. A todo o pessoal da Clínica Montenegro (e em especial à Dra Marta), o carinho e afecto demonstrado para com o Brutus, e acima de tudo à coragem e o profissionalismo de tomar decisões quando o caso já se afigurava tão complicado. E por fim a toda a família, e à minha companheira Petra que estiveram sempre presentes, não olhando a meios e esforços para que proporcionar ao Brutus o melhor tratamento possível. Infelizmente esta prova o Brutus não ganhou. Mas lutou até ao fim, a esvair-se em sangue, ainda tinha forças para nos lamber e seguir-nos com o olhar! Custou-me muito autorizar a eutanásia, custou-me mais ainda o momento em que ele me morreu nos braços. Mas foi o melhor a fazer quando já não havia esperança, somente sofrimento. Foi uma grande perda para a APO, mas uma catástrofe para a minha vida. Acima de tudo o Brutus era o meu amigo, o meu companheiro do dia a dia, co-piloto das minhas viagens solitárias, presente nos momentos bons e nos menos bons. Mal podia eu imaginar que aquele animal que resgatei de uma vida passada à corrente se iria tornar na melhor coisa que me aconteceu. Tive muita honra em conhece-lo e um orgulho tremendo de ser também o seu companheiro mais assíduo. Para mim, nunca mais vai existir um ser idêntico. Cuidem bem dos vossos companheiros, e desfrutem de cada segundo na sua companhia como se fosse o último, pois se gostarem deles da mesma forma de como eu gostava do Senhor Brutus, não imaginam a falta que um dia eles vos vão fazer…


Obediência http://www.youtube.com/watch?v=rB9vYqZqD4M

Desporto http://www.youtube.com/watch?v=MyB7dkyg1fE

Terapia http://www.youtube.com/watch?v=CeDowijINqc

Em casa http://www.youtube.com/watch?v=ZltMkSymB8c





2 comentários:

Anónimo disse...

O grande Mito

Foi um prazer conhecer este cão!!
Pena não ter vivido mais tempo para ensinar muitos humanos.

Lena

revoltado disse...

Viveu pouco tempo é verdade, mas o pouco que viveu deu para se tornar no mito que é.
Brutus onde estás não importa, nós nunca vamos deixar que te esquecam.